Fonte: revista Superinteressante.
Na maioria dos idiomas, é mole diferenciar: em inglês, pergunta-se com
why e responde-se com because, enquanto os franceses contrapõem um
pourquois com parce que. Mas, como os portugueses teimaram em usar o
mesmo termo para as duas funções, os gramáticos precisaram usar a
imaginação.
No latim clássico, havia duas palavras: quare para
perguntar e quia para responder. Mas em português prevaleceu a expressão
do latim vulgar, pro quid, que passou a exercer dupla jornada em
perguntas e respostas. "Para diferenciar, alguém teve a ideia de
escrever um junto e o outro separado", explica Caetano Galindo,
linguista da Universidade Federal do Paraná. Os registros mais antigos
dessa distinção são do século 13, mas em 1500 Pero Vaz de Caminha ainda
se atrapalhava na Carta do Descobrimento.
Para complicar, em
1931 surgiram no Brasil mais duas regras: o "que" ganhou circunflexo
quando é tônico (antes de pontuação) e o "porque" substantivo virou
"porquê". No dia-a-dia, porém, simplificamos tudo radicalmente: do
bilhete à internet, só existe um "pq".
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