terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Caranguejo ou carangueijo?

"Temos carangueijo."

Isto acontece!

Há pessoas que servem em bandeija.

O correto seria servir o CARANGUEJO na BANDEJA.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Por que o céu é bom?

"Quando eu morrer, com certeza vou pro céu. O céu é uma cidade de férias, férias boas que não acabam mais. Assim que eu chegar, pergunto onde mora lá minha gente que foi na frente. Dou beijos, dou abraços. Converso. Conto coisas do mundo. Saudades. — E depois? — Depois eu quero ir à casa de São Francisco de Assis, para ficar amigo dele, amigo de verdade, sem segredos, sem falar mal um do outro, amigo de todos os dias, amigo mesmo, tão amigo, tão íntimo, que ele há de me chamar: Alvinho! e eu hei de lhe chamar: Chiquinho!" 

-- Álvaro Moreira

Ao procurar sua galera, lembre-se. Procurar é verbo transitivo direto. Exige o pronome átono a (o): Procure a galera. (Procure-a.) Procuro os amigos. (Procuro-os.)

domingo, 22 de dezembro de 2013

Feliz Natal

Feliz Natal a todos. Dia 27 estaremos de volta. A batalha continua...

Crase

"Acreditamos que podemos ajudar a humanidade a dar um passo a frente."

Locuções adverbiais femininas levam acento.

Então:
"Acreditamos que podemos ajudar a humanidade a dar um passo à frente."



quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Eno Teodoro escreveu




"No princípio era o verbo. Depois, veio o sujeito e os outros predicados: os objetos, os adjuntos, os complementos, os agentes, essas coisas. E Deus ficou contente. Era a primeira oração."

Cada


As quarenta famílias desabrigadas ficarão com vinte mil reais cada.

CADA não gosta de ficar sozinha. Dê uma companhia para ela.

Cada um

Cada pessoa

Cada caso

Cada pedido

Cada mulher

Cada casa

Então:

As quarenta famílias desabrigadas ficarão com vinte mil reais cada uma.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Uso do ONDE

"Um contrato onde uma ou mais pessoas..."

Os equívocos não param em torno do ONDE.

ONDE refere-se a lugar (espaço físico), e contrato não é um lugar.

Assim fica melhor:

"Um contrato em que uma ou mais pessoas..."

Ou:

"Um contrato no qual uma ou mais pessoas..."




terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Marta Medeiros alerta

“Escolha: ganhar um beijinho ou um beijo? Descolar um dinheirinho ou ganhar dinheiro? Comprar um carrinho ou um carro? A maneira como falamos revela como nos sentimos: se fazendo conquistas ou recebendo esmolas da vida. Para as gurias: jamais tolere ser chamada de mulherzinha. Imediatamente você estará permitindo que lhe etiquetem as piores qualificações, já que mulherzinha é fragilzinha, dependentezinha, medrosinha, boazinha. Que boazinha, o quê. Mulher tem que ser boa. Ou má.”

sábado, 14 de dezembro de 2013

Lição de Mandela - A melhor vingança

POR Dad Squarisi

Dizem que Deus só tem um vício. É perdoar. O verbo é tortuoso, mas conjugá-lo compensa. Faz bem. A pessoa que o flexiona obtém o lucro substantivo. Deixa de cultivar no próprio corpo o mal que pensa prejudicar o outro. O ressentimento, que envenena, morre de inanição. Percebeu? Perdoar é a melhor vingança.


A reforma ortográfica pegou o trissílabo de carona. Ao cassar o acento do hiato oo, deu-lhe mais leveza e rapidez. Beneficiou também os demais verbos terminados em -oar. É o caso de doar, coroar e abençoar. Agora é assim: perdoo (doo, coroo, abençoo), perdoa (doa, coroa, abençoa), perdoamos (doamos, coroamos, abençoamos), perdoam (doam, coroam, abençoam); que eu perdoe (doe, coroe, abençoe), ele perdoe (doe, coroe, abençoe), perdoemos (doemos, coroemos, abençoemos), perdoem (doem, coroem, abençoem). E por aí vai.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Há ou a?

"Na prática, não se pode continuar a encarar a vida da mesma forma, como se fazia à 50 anos atrás, as necessidades mudaram, as formas de se obter, seja o que for, mudou, tudo que nos rodeia mudou."

Dramático, não?

Primeiro:

Na indicação de tempo transcorrido (passado), devemos usar o verbo haver e não a preposição "a", que indica futuro ou distância física.

Percebam que, para complicar ainda mais, o redator acrescentou o acento grave indicativo de crase (à 50 anos atrás). Vamos cortar tudo.

Corrigindo:

"Na prática, não se pode continuar a encarar a vida da mesma forma, como se fazia à 50 anos atrás, as necessidades mudaram, as formas de se obter, seja o que for, mudou, tudo que nos rodeia mudou."

Agora:

"Na prática, não se pode continuar a encarar a vida da mesma forma, como se fazia 50 anos atrás, as necessidades mudaram, as formas de se obter, seja o que for, mudou, tudo que nos rodeia mudou."

Melhorou; porém, temos uma palavrinha sobrando.

Você se lembra do pleonasmo HÁ/ATRÁS? Não há necessidade alguma de usarmos as duas ao mesmo tempo. Então...

 "Na prática, não se pode continuar a encarar a vida da mesma forma, como se fazia 50 anos atrás, as necessidades mudaram, as formas de se obter, seja o que for, mudou, tudo que nos rodeia mudou."

Ou:

"Na prática, não se pode continuar a encarar a vida da mesma forma, como se fazia 50 anos, as necessidades mudaram, as formas de se obter, seja o que for, mudou, tudo que nos rodeia mudou."


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Perda ou perca?

"O motor teve uma perca de força."

Assim ficaria melhor:

"O motor teve uma perda de força."

Perca é uma forma do verbo perder:

"Que ele perca o juízo." 

Perda é substantivo e geralmente vem acompanhado de artigo ou de preposição ou de adjetivo: 

"A perda do horário foi culpa sua."

"A (artigo) perda do (= de preposição+ o) horário foi culpa sua."

"O veículo teve perda total (adjetivo)."

Tá valendo?

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Risco de vida ou risco de morte?

Uma coisa básica:

A língua não é estática e sua evolução é incessante.

Palavras e expressões bem frequentes nos nossos dias amanhã podem desaparecer na poeira.

Sempre que duas formas estão em conflito, uma acaba vencendo a batalha e caindo no consenso.

Digo isto para explicar o que atualmente acontece com as formas "RISCO DE VIDA" e "RISCO DE MORTE".

Digo a você que "risco de vida" é a forma consagrada que nos acompanha há muitos e muitos anos.

Ela significa pôr a vida em risco.

Risco de (perder a) vida. (veja a elipse) 

Porém, "risco de morte" chegou com direito a tapete vermelho e muito frissom por parte da mídia. É a nova queridinha das redações. Modismo.

Cacofonia

Conheço alguém que morreu de latinha. 

Ele foi tomar banho de mar e pensava que lá não tinha tubarão, mas lá tinha.


Na hora de escrever, cuidado com a CACOFONIA.

Cacofonia é o nome que se dá aos sons desagradáveis ao ouvido por formarem palavras com sentido pejorativo, obsceno ou engraçado a partir da combinação de palavras.

Ex.:

Não posso viver sem amá-la. (mala)

Não há mulher como ela. (moela)

Quadrilha explode banco e usa escudo humano. (ex-cu do humano)

Fui à casa do meu avô que dá os fundos para o bar.

Vou-me já. (mijar)


A empresa é dirigida pela dona Maria. (peladona)


Governo confisca gado de fazendas. (cagado)


Olha essa fada. (é safada)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Parafraseando Manuel Bandeira

Mandela no céu 

Vera Lúcia 

Mandela preto, Mandela bom, 

Mandela sempre de bom humor. 
Imagino Mandela entrando no céu: 
-- Licença, meu branco! 
E São Pedro bonachão: 
-- Entra, Madiba, você não precisa pedir licença... 

O mesmo/a mesma

Quer escrever com clareza e elegância?

Não use MESMO como fórmula mágica de suas redações. Você não pode melhorar a redação substituindo o pronome por MESMO. Só há uma saída para a mesma, digo, ela: xô!


a) “O réu foi até à vítima e falou com a mesma” (errado);

b) Consultou tais autores, e os mesmos lhe indicaram a adequada solução” (errado).


Assim fica melhor:


a) “O réu foi até à vítima e falou com ela”;


b) Consultou tais autores, e estes lhe indicaram a adequada solução”.


Convém mencionar que a MESMA é a queridinha da linguagem forense e do jargão cartorário. Coisa do burocratês.

domingo, 8 de dezembro de 2013

O diagnóstico e a terapêutica - Eduardo Galeano

(Das palavras de um profeta sobre como me sinto)


O amor é uma das doenças mais bravas e contagiosas. Qualquer um reconhece os doentes dessa doença. Fundas olheiras delatam que jamais dormimos, despertos noite após noite pelos abraços, ou pela ausência de abraços, e padecemos febres devastadoras e sentimos uma irresistível necessidade de dizer estupidezes. O amor pode ser provocado deixando cair um punhadinho de pó de me ame, como por descuido, no café ou na sopa ou na bebida. Pode ser provocado, mas não pode impedir. Não o impede nem a água benta, nem o pó de hóstia; tampouco o dente de alho, que neste caso não serve para nada. O amor é surdo frente ao Verbo divino e ao esconjuro das bruxas. Não há decreto do governo que possa com ele, nem poção capaz de evitá-lo, embora as vivandeiras apregoem, nos mercados, infalíveis beberagens com garantias e tudo.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Amizade pessoal

Lucas é meu amigo pessoal.

Claro, a amizada só pode ser de natureza pessoal.

Melhor assim:

Lucas é meu amigo.

Regência do verbo visar

João visa ao emprego.

Ana visa à viagem.

Lúcia visou o cheque.

Você viu?

O verbo VISAR tem duas regências. Ele pode ser transitivo direto ou indireto.

Visar (no sentido de desejar, aspirar, almejar) é transitivo indireto.

João visa ao (= a + o) emprego.

Ana visa à (= a + a) viagem.

Visar (no sentido de dar visto, assinar, rubricar ou mirar) é transitivo direto.

Lúcia visou o cheque.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Fato verídico

Uma notícia pode ser falsa ou mentirosa, mas fato é fato.

Fato é algo real.

Então não precisamos dizer:

Fato ocorrido

Fato concreto

Fato real

Fato verídico

Fato acontecido

Xô, Pleonasmo!

Citações de leis

No texto jurídico (petição, memorial, sentença), a primeira referência deve indicar o número da lei, seguido da data, sem abreviação do mês e ano: Lei nº 4.860, de 26 de novembro de 1965. Nas referências seguintes serão indicados apenas o número e o ano: Lei nº 4.860, de 1965; ou Lei nº 4.860/65.

Os artigos de lei são citados pela forma abreviada “art.”, seguido de algarismo arábico e do símbolo do numeral ordinal (º) até o de número 9, inclusive; a partir do 10, usa-se só o algarismo arábico. Assim: art. 1º, art. 2º, art. 3º .... art. 9º; art. 10, art. 11, art. 20, art. 306, art. 909 etc.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Há anos/anos atrás

"No momento final do julgamento do mensalão, há anos atrás, escrevi em meu Blog que não concordava com a decisão. Não por não ver culpa e traição nos atores da história, em especial os petistas, mas por perceber o quanto a ardilosa elite brasileira se lambuzaria no banquete de hipocrisia que alimentaria a dinâmica política a partir dali."

Pode parecer repetitivo, mas é importante assinalar o deslize. O verbo HAVER na indicação de tempo possui o mesmo valor de ATRÁS. Então não é preciso dizer HÁ ANOS ATRÁS. Use uma coisa ou outra (há anos ou anos atrás). Fuja do pleonasmo.

Assim:

"No momento final do julgamento do mensalão, há anos, escrevi em meu Blog que não concordava com a decisão. Não por não ver culpa e traição nos atores da história, em especial os petistas, mas por perceber o quanto a ardilosa elite brasileira se lambusaria no banquete de hipocrisia que alimentaria a dinâmica política a partir dali."

Ou:

"No momento final do julgamento do mensalão, anos atrás, escrevi em meu Blog que não concordava com a decisão. Não por não ver culpa e traição nos atores da história, em especial os petistas, mas por perceber o quanto a ardilosa elite brasileira se lambusaria no banquete de hipocrisia que alimentaria a dinâmica política a partir dali."


sábado, 30 de novembro de 2013

Concisão

"Aprenda mais também sobre como eu comecei minha jornada de Empreendedor Digital."

Você percebeu?

O também tá sobrando.

Vamos ser concisos e meter a faca:

"Aprenda mais também sobre como eu comecei minha jornada de Empreendedor Digital."

"Aprenda mais sobre como eu comecei minha jornada de Empreendedor Digital."

Pronto!


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Verbo reivindicar

Se você pretende REINVIDICAR alguma coisa, comece pela educação.

O correto é: REIVINDICAR.


Blues do pai morte - Allen Ginsberg

Ei, Pai Morte, estou voando pra casa
Ei, velho, você está sozinho
Ei, velho paizinho, eu sei pra onde vou
Pai Morte, não chore mais
Mamãe está lá, embaixo do chão
Irmão Morte, por favor, tome conta da casa 
Velha Titia Morte, não esconda seus ossos 
Velho Tio Morte, eu escuto seus ais
Oh, Irmã Morte, são doces os seus lamentos 
Oh, Crianças Morte, respirem seu ar
O peito ofegante vai aliviar a morte de vocês 
A dor passou, as lágrimas levam o resto
Gênio Morte, sua arte está completa
Amante Morte, seu corpo se foi 
Pai Morte, estou indo pra casa 
Gênio Morte, suas palavras são verdadeiras 
Professor Morte eu lhe agradeço 
Por me inspirar a cantar este blues
Buda Morte, eu acordo com você 
Darma Morte, sua mente é verdadeira 
Sanga Morte, vamos superar isso tudo
Sofrer é [próprio do] que nasce 
Ignorância me fez esquecer 
As verdades amargas não posso desdenhar 
Pai Sopro, mais uma vez, adeus 
Sua herança não foi ruim 
Meu coração está parado, como o tempo dirá.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Redundância: começar/a partir de

As aulas começarão a partir de maio.

Melhor seria:

As aulas começarão em maio.

Começar e a partir de são equivalentes, ou seja, se usa um ou outro.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Oxítonas e paroxítonas

Em publicação anterior disse que a regra de acentuação das paroxítonas é uma consequência da regra de acentuação das oxítonas. Como isso acontece? Assim:

As oxítonas terminadas em A, E, O, EM e ENS levam acento. Em decorrência disso, as paroxítonas com as mesmas terminações (A, E, O, EM e ENS) não são acentuadas. 

Pegou?

Observe:

Hífen é uma paroxítona terminada em N e, por isso, leva acento. Porém, quanto vai para o plural (hifens), ela perde o acento. Lembra que as oxítonas terminadas em ENS (parabéns) levam acento? Então, se as oxítonas terminadas em ENS levam acento, as paroxítonas terminadas em ENS não levam.

Da mesma forma ITEM e ITENS não levam acento.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Representação das horas

No duro, no duro, a melhor forma é "12h30".
Essa mistura tudo: 12:30h (não recomendável),

Cacete da língua ou língua do cacete?


Encontrei na internet:

Esses dias escrevendo lasquei a palavra cacetete na tela. Como meu computador não corrige ortografia, passou. Cacete se escreve com c, logo... Errado! É uma cacetada doída e doida, ou doida e doída, mas o correto é cassetete, com ss. A tropa de choque dá cacete com escudo e caSSetete.

O étimo (essa palavra é outra cacetada) de cassetete é francês, “casse-tête” literalmente quebra-cabeça. Tá no pai dos burros contemporâneos, o google. Pornograficamente, meu dicionário registra que cassetete é um cacete curto. Mas nas ruas o povo chama um cacete curto de cacetinho, um cacete longo o povão chama de cacetão, que é uma rima e uma solução, gramaticalmente. Fico pensando que a polícia bate com um cacetinho, ou cassetete, ou cacete curto. E se um cacete curto ou cassetete machuca, e um cacetão? O que faria? Mas a cacetada maluca é que cacete curto se escreve com ss, cassetete, vai entender.

Semanticamente desesperado, recorro ao pai dos burros contemporâneo, lanço no google a sentença cacete imagem. Não ignoro que pode aparecer um cassetete longo, um cacetão que não caiba nas dezessete polegadas do monitor, mas vou em frente. Descubro que o google é moralista. Não aparece nenhum cacete, fico sem visualizar. Para além do dicionário e da fala das ruas, o que é realmente um cacete?

sábado, 23 de novembro de 2013

Crase

Ele vai à festas.

Tem crase ou não tem?

Não tem.

O correto é: Ele vai a festas.

Para que houvesse, precisaríamos ter a (preposição) + a (artigo) = às. No caso acima temos apenas preposição.

Aí você me pergunta: "Mas como você sabe que não há artigo?"

Simples!

Se tivéssemos artigo, necessariamente ele deveria ficar no plural concordando com FESTAS (a festa, as festas).

Vamos pôr o artigo?

Ele vai às festas.

Agora tem crase (Ele vai a + as festas).


A diferença é que, em "Ele vai a festas", "festas" está em sentido genérico. Festas (quaisquer festas).

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Música da crase

Musica da crase (não tem como errar depois dessa!)
Trocou por "ao", crasear é normal.
Trocou por "a" ou por "ao", crasear é opcional.
Onde há moda, crasear não incomoda.
Entre repetição, crasear não há razão.
Antes de infinitivo, crasear é proibido.
Antes de nome de mulher ou depois de "ate", craseie se quiser.
Com "a" no singular e antes de plural, crasear é anormal.
Com hora certa, crasear na certa!
Com distância certa, se crasear acerta!
Com casa determinada, crasear é uma barbada.
Antes de palavra masculina, crasear te fulmina.
Vou "a" volto "da", crase há.
Vou "a" volto "de", crase pra quê?
Às vezes só tem crase às vezes.
Com aquele, aquela ou aquilo, crasear é tranquilo!

Cara a cara
não tem crase
isto é fácil de guardar
com palavra repetida
não se deve “crasear”

Não se deve usar a crase
em casos especiais
com palavras masculinas
ou pronomes pessoais

Dona, senhora, senhorita
fazem caso genial
assanhadas vem e aceitam
o artigo é fatal

Nome próprio masculino
uma crase aceitará
se com moda ou maneira
antes eu puder falar

Casa própria, a do falante
me rejeita o artigo
e se isso acontece
“crasear” eu não consigo

Se há um complemento
e é nominal
é só ter o feminino
e praticar normal

Objeto, indireto
faz um caso decisivo
se ainda vem trazendo
qualquer termo feminino

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Como/por exemplo

"Outra idéia fantástica que tem mais do que um benefício, como por exemplo, construir a sua própria lista de endereços."

Já disse antes que COMO POR EXEMPLO é redundância. Como e por exemplo são equivalentes. Se usa um ou outro:

"Outra idéia fantástica que tem mais do que um benefício como construir a sua própria lista de endereços."


Verbo subentendido

  O normal seria um escrever a música e o outro escrever a letra.

 Qual é nosso papel? Passar a faca. Ser conciso, em termos práticos, nada mais é que descartar aquilo que está sobrando na oração.

Percebam que na frase acima, o verbo ESCREVER se repete e deixa a frase pesada, gorda e pouco criativa.

O normal seria um escrever a música e o outro escrever a letra.

Apresento agora duas forma simples e práticas de suprimir o verbo repetido:

1 - Usar uma vírgula no lugar do verbo omitido:

O normal seria um escrever a música e o outro, a letra.

2 - Usar uma vírgula no lugar do verbo omitido e o ponto-e-vírgula no lugar do E:

O normal seria um escrever a música; o outro, a letra.

De menor/menor de

A história se repete. É o famigerado DE MENOR.

Parece ser caso simples, mas muita gente continua usando a expressão DE MENOR:

"Ele é ainda de menor."

Se falamos de mernor, então podemos falar também de maior, de grande e de pequeno.

Se você quer indicar menoridade ou maioridade, deve dizer o menor [de idade] ou o maior [de idade]:

"Menor de idade retorna ao lar."


Onde

"Vamos examinar primeiro três profissões onde as parcerias estão firmemente entranhadas."

O uso inadequando do pronome relativo onde é mais do que comum. Onde nos remete à ideia de lugar, espaço físico. E "três profissões" não é um lugar. Socou?

Melhor seria:

"Vamos examinar primeiro três profissões em que as parcerias estão firmemente entranhadas."

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Dia a dia ou dia-a-dia?

Podemos dizer que "dia a dia" significa todos os dias, cotidianamente, com o correr dos dias: 

"Esperava-se que o país melhorasse dia a dia."

"Dia-a-dia" significa rotina, o viver cotidiano, a sucessão de dias, o trabalho de todos os dias:

"Meter a mão na grana do povo faz parte do dia-a-dia dos 'picaretas' do congresso."

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Frei Tito: quando secar o rio da minha infância secará toda dor.

Quando secar o rio da minha infância
secará toda dor.
Quando os regatos límpidos de meu ser secarem
minh'alma perderá sua força.
Buscarei, então, pastagens distantes
- lá onde o ódio não tem teto para repousar.
Ali erguerei uma tenda junto aos bosques.
Todas as tardes me deitarei na relva
e nos dias silenciosos, farei minha oração.
Meu eterno canto de amor:
expressão pura da minha mais profunda angústia.

Nos dias primaveris, colherei flores
para meu jardim da saudade.
Assim, externarei a lembrança de um passado sombrio.


Paris, 12 de outubro de 1.972
- Frei Tito

(pg. 257 - Batismo de Sangue - Frei Betto -
dossiê - VI. Tito, a paixão)

Quando ocorre a letra J

Enviado pelo meu amigo 16 Toneladas


Mediante as formas verbais terminadas em -jar:
Exemplos: 

relampejar
viajar
trovejar
enferrujar
esbravejar...


Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou ainda, exóticas:
Exemplos: 

canjica
manjericão
jiboia 
jerico...


Nas palavras que derivam de outras também grafadas com “j”.
Exemplos: 

cerveja – cervejaria 
laranja – laranjeira 
loja – lojista, lojinha...
jumento
jeito
majestade 
jiló 
laje
hoje...

sábado, 16 de novembro de 2013

Até a ou até à?

O comércio funcionará das oito até as vinte horas.

Nessa frase, a palavra “até” parece ter apenas função expressiva, porque a frase sem ela diz praticamente a mesma coisa.

O comércio funcionará das oito até às vinte horas.
O comércio funcionará das oito às vinte horas.


Dessa forma, o paralelismo entre “de + as oito” e “a + as vinte” sugere o acento grave em “às”, e a presença do "até" não é razão suficiente para a retirada dele.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

J ou G?

Alguém pisa na bola e escreve:

"Ele caiu da lage."

Curto e grosso: usamos "j" nas palavras terminadas em aje:

traje, ultraja, laje.

Sub-humano ou subumano?

Isso sem falar na questão moral. Insuflada pelos Datenas da vida, boa parte da população acha que mesmo quem cometeu um crime leve tem de amargar longos períodos encarcerados em condições sub-humanas.

Muito bom!

Vamos à regra:

Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavras iniciadas por H.

Ex.:

Anti-higiênico

Pré-histórico

Super-homem

Até aí tudo bem. Vejamos outra regra:

Não se usa hífen após os prefixos DES, IN, SUB, se o segundo elemente perder o H inicial:

Desumano

Subumano

Inábil

Conclusão: nosso redator errou.

Agora:

Isso sem falar na questão moral. Insuflada pelos Datenas da vida, boa parte da população acha que mesmo quem cometeu um crime leve tem de amargar longos períodos encarcerados em condições subumanas.

Tá bonito!




quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O musse ou a musse e outros casos

"Após a feijoada, Júlia comeu um musse."

A palavra musse, de origem francesa, é do gênero femenino:

"Após a feijoada, Júlia comeu uma musse."

O mesmo acorre com omelete. O certo é a omelete.

Mascote também segue a mesma linha: a mascote.

Contudo, o dicionário Caldas Aulte a considere de dois gêneros.

O mesmo acontecia com personagem (a personagem). Seja referindo-se a homem, seja referindo-se a mulher. Mas hoje é de dois gêneros. A personagem. O personagem.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Alternativa/opção/dilema

Na alternativa, há apenas duas opções; na opção, há duas ou mais escolhas; No dilema, há duas saídas, ambas difíceis ou penosas.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Mandado ou mandato?

Errado: "Invadiram o apartamento sem mandato de busca e apreensão."

Certo: "Invadiram o apartamento sem mandado de busca e apreensão."

Muita gente boa confunde os parônimos (palavras formalmente parecidas e com significados diferentes).

É frequente a troca de mandado por mandato

Mandado significa ato de mandar, ordem ou despacho escrito por autoridade judicial ou administrativa. 

Mandato significa representação, delegação, poderes que os eleitores conferem aos vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidentes para os representar.

Carlos Drummond de Andrade - O passarinho dela

O passarinho dela
é azul e encarnado.
Encarnado e azul são
as cores do meu desejo.

O passarinho dela
bica o meu coração.
Ai ingrato, deixa estar
que o bicho te pega.

O passarinho dela
está batendo asas, seu Carlos!
Ele diz que vai-se embora
sem você pegar.

* Do livro Brejo das almas

Sujeitos ligados por OU: concordância verbal

“Ou você ou eu TEREI ou TEREMOS de resolver o problema?”

O certo é “Ou você ou eu TEREI de resolver o problema”.

a) Quando temos a ideia de “exclusão” (= ou…ou), o verbo concorda com o núcleo mais próximo:

“Ou você ou EU terei de resolver o problema.” (= apenas um resolverá o problema);

“Ou eu ou o diretor TERÁ de viajar para São Paulo.” (= apenas um viajará);

“O Brasil ou o Chile SERÁ a sede do próximo campeonato.”

b)Se não houver ideia de “exclusão” (= e/ou), a concordância é facultativa:

“O gerente ou o diretor PODE ou PODEM assinar o contrato.” (= um ou os dois podem assinar);

“Dinheiro ou cheque RESOLVE ou RESOLVEM o meu problema.”

c)Se houver ideia “aditiva” (= e), o verbo deve concordar no plural:

“O pintor ou o escultor MERECEM igualmente o prêmio.” (= o pintor e o escultor merecem igualmente o prêmio;

“Futebol ou carnaval FAZEM a alegria do brasileiro.”

RESUMO – Concordância com sujeitos com núcleos ligados por OU:

a) Com ideia de exclusão, o verbo concorda com o núcleo mais próximo.

Ou você ou eu TEREI de viajar a Brasília. (=apenas um viajará)

b) Sem ideia de exclusão (=e/ou), a concordância é facultativa (preferência pelo plural).

O meia ou o atacante PODEM (ou PODE) resolver o jogo. (=um ou os dois podem resolver o jogo)

c) Com ideia de adição (=e), o verbo fica no plural.

O meia ou o atacante MERECEM igualmente o prêmio. (=os dois merecem o prêmio)

Por Sérgio Nogueira

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Boiuna

Muito cuidado com a boiuna! Depois que ela perdeu o acento, mais furiosa e faminta ficou.

Segundo um mito amazônico, a boiuna é uma cobra gigante capaz de virar embarcações.

Aí você me pergunta:

"Como uma cobra tão grande assim perdeu o acento?"

Vou explicar:

Antes a grafia era BOIÚNA; porém, com o novo acordo ortográfico, ficou

definido que o "i" e o "u" perdem o acento se precedidos de ditongo.

Ba-ú e sa-ú-de, por exemplo, continuam com acentos, já que não apresentam ditongo.

Mas palavras como FEIURA, BOCAIUVA, BOIUNA ficam sem acento.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Desafio

Uma das palavras abaixo está grafada de maneira incorreta:

a) Chuchu;

 b) Ortopedia;

 c) Homoplata;

 d) Chulé;

e) Chumaço.

 A grafia é omoplata (letra c).

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Percebido ou desapercebido?

"A redução da renda do trabalho criou um extenso problema de escassez da demanda privada, que por várias razões passou desapercebido." 

Desapercebido é desprevinido, desaparelhado, desprovido.

 Ex.:

"Estamos desapercebidos de mantimentos."

 Contudo, não era essa a ideia da mensagem do redator.

O que ele queria dizer era que extenso problema de escassez da demanda privada, que, por vários fatores, passou sem ser notado. Então a palavra adequada seria DESPERCEBIDO, ou seja, que não foi percebido, notado.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Dica de redação

Você quer dar uma melhorada em sua redação? Então vai uma dica: "Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais curta." Paul Valéry

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Tampar ou tapar

"Não é tarefa fácil tampar o Sol com a peneira."

Melhor seria:

"Tapar o Sol com a peneira."

Qual a diferença?

Para tampar, você precisará de uma tampa. Entendeu?

Tampar é tapar com uma tampa.

Ex.:

Tampar a panela.

Tampa o bule.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Tem "PIRIGUETE” no Dicionário Aurélio

A nova edição escolar do dicionário Aurélio tem como novidade a inclusão da palavra “periguete” e outras expressões que circulam nas bocas das novas gerações entre seus 30 mil verbetes. Segundo definição do livro, “periguete” significa “moça ou mulher que, não tendo namorado, demonstra interesse por qualquer um”. Para a editora Valéria Zelik, o uso é o que habilita uma palavra a entrar para o dicionário.

 Ela conta que a equipe de dicionaristas que trabalha no Aurélio pesquisam constantemente os meios de comunicação de massa e obras literárias e acadêmicas em busca de novas palavras a serem reconhecidas. Para entrar para o dicionário, uma nova palavra leva em torno de cinco anos de quarentena, em que seu uso será estudado. A expressão “periguete”, que surgiu na periferia de Salvador, é a junção das palavras “perigosa” com “girl” (garota em inglês). Como a pronúncia ficaria estranha, adaptou-se o guete. (Bahia Notícias)

sábado, 2 de novembro de 2013

The Sick Rose

Oh! rosa estás enferma!
O verme invisível
Que voa na tormenta da noite,
 
Encontrou teu leito
De rubra alegria
E seu amor secreto e escuro
Destrói a tua vida.


William Blake

Ladrona/ladroa/ladra

Qual o feminino de ladrão? Ladrona, ladroa ou ladra?

As três formas são corretas para simplificar o caso.

Ladrona e ladroa são femininos morfológicos de ladrão.

Ladra é o feminino de ladro, designativo de pessoa ou coisa que rouba.

Ex.:

"Você é um ladro!"

Verdade, verdade... Ladro caiu em desuso, tornou-se um arcaísmo; porém, deixou para nós o belíssimo ladra (atenção!!! O Ministério da Segurança Pública adverte que ser ladra não é nada belíssimo).

Aí vem a pergunta:

Mas qual das três formas devo usar?

Pelo bom gosto, use LADRA.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Isar/izar

A primeira dica é que não temos o sufixo ISAR, mas sim IZAR.

Exorcismo - exorcizar

Harmonia - harmonizar

Urbano - urbanizar

Para que tenhamos a terminação ISAR é preciso que o "s" faça parte do radical.

Análise - analisar

Aviso - avisar

Paralisia - paralisar

Basta que AR se junte ao "s" do radical, como você pôde ver.

Aí você me pergunta "Como então a palavra CATEQUESE apresenta "s" no radical, mas CATEQUIZAR se escreve com IZAR?"

Como disse anteriormente, AR deve se colar diretamente ao "s" do radical.

Se assim o fosse, teríamos CATEQUESE + AR (CATEQUESAR).

Contudo, o verbo que conhecemos é CATEQUIZAR.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Liderança/líder

"Depurado tal participou de reunião com a liderança do PMDB em Palmas."

O que se pretendia dizer era:

"Depurado tal participou de reunião com os líderes do PMDB em Palmas."

Liderança é a qualidade de quem lidera. É erro dizer que liderança fez isto e aquilo.

Liderança não é a mesma coisa de líder.

Fica ligado!

Ortografia: ês/esa

Quer pegar de um só golpe as palavras que se escrevem com ESA e ÊS?

Você conseguir completar a frase "ELA" É ou "ELE É" a palavra será sempre com S.

Ela é burguesa, ela é francesa, ela é despesa.

Ele é inglês, ele é cortês, ele é pedrês.

Estes são alguns exemplos. Em casa você pode acrescentar mais casos à lista.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Está ou estar?

Essa dica vai para meu amigo Bira.

O macete que a maioria das pessoas se apoia para definir a forma verbal adequada parte do seguinte princípio:

o infinitivo pode ser substituído por outro infinitivo; a forma flexionada (está), não.

Ex.:

"João está ou estar cansado"?

Vamos tetar substituir por uma forma infinitiva:

João ficar cansado.

Parece estranho, não? Se não dá para fazer a substituição, logo a forma adequada é ESTÁ:

João está cansado.

"Ele pode estar ou está certo"? (Ele pode ficar certo)

A substituição é possível, logo: "Ele pode estar certo.

sábado, 26 de outubro de 2013

Adjunto ou complemento?

A venda de mantimentos vai bem.

de mantimentos é adjunto adnominal ou complemento nominal?

O substantivo venda está relacionado com o verbo vender.

Como sabemos, vender pede complemento ( quem vende, vende alguma coisa).

Venda também pede complemento (venda do quê?).

Então:

Vender suprimentos (verbo + complemento verbal).

Venda de suprimentos (nome + complemento nominal).


Polpa/poupa/popa

Três palavrinhas capazes de nos tirar do páreo. Semelhantes na escrita e na pronúncia. Alguém poderia dizer "Malditos parônimos!"

Há quem vai de vento em poupa. Depois, cansado, prepara uma popa de manga.

Confuso, não? Vamos por ordem:

Polpa é a parte carnosa das frutas:

"Comprei dois pacotes de polpa de açaí."

Poupa é do verbo poupar:

"Ele poupa tudo que ganha."

É só lembrar da poupança da Caixa.

Popa é a parte posterior de embarcação:

"Tudo vai de vento em popa."


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Aterrissagem

Certo dia abro uma dessas revistas eletrônicas e de cara deparo-me com a manchete:

"Os riscos de uma aterrisagem forçada da economia chinesa.."

Perceberam o problema?


As formas corretas são
"aterrissar", "aterrissagem", com dois SS. Esta palavra deriva-se do vocábulo francês "aterrissage". 

Veja os exemplos:

O avião aterrissou ontem à noite.

O piloto fez uma aterrissagem muito brusca.