terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Caranguejo ou carangueijo?

"Temos carangueijo."

Isto acontece!

Há pessoas que servem em bandeija.

O correto seria servir o CARANGUEJO na BANDEJA.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Por que o céu é bom?

"Quando eu morrer, com certeza vou pro céu. O céu é uma cidade de férias, férias boas que não acabam mais. Assim que eu chegar, pergunto onde mora lá minha gente que foi na frente. Dou beijos, dou abraços. Converso. Conto coisas do mundo. Saudades. — E depois? — Depois eu quero ir à casa de São Francisco de Assis, para ficar amigo dele, amigo de verdade, sem segredos, sem falar mal um do outro, amigo de todos os dias, amigo mesmo, tão amigo, tão íntimo, que ele há de me chamar: Alvinho! e eu hei de lhe chamar: Chiquinho!" 

-- Álvaro Moreira

Ao procurar sua galera, lembre-se. Procurar é verbo transitivo direto. Exige o pronome átono a (o): Procure a galera. (Procure-a.) Procuro os amigos. (Procuro-os.)

domingo, 22 de dezembro de 2013

Feliz Natal

Feliz Natal a todos. Dia 27 estaremos de volta. A batalha continua...

Crase

"Acreditamos que podemos ajudar a humanidade a dar um passo a frente."

Locuções adverbiais femininas levam acento.

Então:
"Acreditamos que podemos ajudar a humanidade a dar um passo à frente."



quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Eno Teodoro escreveu




"No princípio era o verbo. Depois, veio o sujeito e os outros predicados: os objetos, os adjuntos, os complementos, os agentes, essas coisas. E Deus ficou contente. Era a primeira oração."

Cada


As quarenta famílias desabrigadas ficarão com vinte mil reais cada.

CADA não gosta de ficar sozinha. Dê uma companhia para ela.

Cada um

Cada pessoa

Cada caso

Cada pedido

Cada mulher

Cada casa

Então:

As quarenta famílias desabrigadas ficarão com vinte mil reais cada uma.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Uso do ONDE

"Um contrato onde uma ou mais pessoas..."

Os equívocos não param em torno do ONDE.

ONDE refere-se a lugar (espaço físico), e contrato não é um lugar.

Assim fica melhor:

"Um contrato em que uma ou mais pessoas..."

Ou:

"Um contrato no qual uma ou mais pessoas..."




terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Marta Medeiros alerta

“Escolha: ganhar um beijinho ou um beijo? Descolar um dinheirinho ou ganhar dinheiro? Comprar um carrinho ou um carro? A maneira como falamos revela como nos sentimos: se fazendo conquistas ou recebendo esmolas da vida. Para as gurias: jamais tolere ser chamada de mulherzinha. Imediatamente você estará permitindo que lhe etiquetem as piores qualificações, já que mulherzinha é fragilzinha, dependentezinha, medrosinha, boazinha. Que boazinha, o quê. Mulher tem que ser boa. Ou má.”

sábado, 14 de dezembro de 2013

Lição de Mandela - A melhor vingança

POR Dad Squarisi

Dizem que Deus só tem um vício. É perdoar. O verbo é tortuoso, mas conjugá-lo compensa. Faz bem. A pessoa que o flexiona obtém o lucro substantivo. Deixa de cultivar no próprio corpo o mal que pensa prejudicar o outro. O ressentimento, que envenena, morre de inanição. Percebeu? Perdoar é a melhor vingança.


A reforma ortográfica pegou o trissílabo de carona. Ao cassar o acento do hiato oo, deu-lhe mais leveza e rapidez. Beneficiou também os demais verbos terminados em -oar. É o caso de doar, coroar e abençoar. Agora é assim: perdoo (doo, coroo, abençoo), perdoa (doa, coroa, abençoa), perdoamos (doamos, coroamos, abençoamos), perdoam (doam, coroam, abençoam); que eu perdoe (doe, coroe, abençoe), ele perdoe (doe, coroe, abençoe), perdoemos (doemos, coroemos, abençoemos), perdoem (doem, coroem, abençoem). E por aí vai.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Há ou a?

"Na prática, não se pode continuar a encarar a vida da mesma forma, como se fazia à 50 anos atrás, as necessidades mudaram, as formas de se obter, seja o que for, mudou, tudo que nos rodeia mudou."

Dramático, não?

Primeiro:

Na indicação de tempo transcorrido (passado), devemos usar o verbo haver e não a preposição "a", que indica futuro ou distância física.

Percebam que, para complicar ainda mais, o redator acrescentou o acento grave indicativo de crase (à 50 anos atrás). Vamos cortar tudo.

Corrigindo:

"Na prática, não se pode continuar a encarar a vida da mesma forma, como se fazia à 50 anos atrás, as necessidades mudaram, as formas de se obter, seja o que for, mudou, tudo que nos rodeia mudou."

Agora:

"Na prática, não se pode continuar a encarar a vida da mesma forma, como se fazia 50 anos atrás, as necessidades mudaram, as formas de se obter, seja o que for, mudou, tudo que nos rodeia mudou."

Melhorou; porém, temos uma palavrinha sobrando.

Você se lembra do pleonasmo HÁ/ATRÁS? Não há necessidade alguma de usarmos as duas ao mesmo tempo. Então...

 "Na prática, não se pode continuar a encarar a vida da mesma forma, como se fazia 50 anos atrás, as necessidades mudaram, as formas de se obter, seja o que for, mudou, tudo que nos rodeia mudou."

Ou:

"Na prática, não se pode continuar a encarar a vida da mesma forma, como se fazia 50 anos, as necessidades mudaram, as formas de se obter, seja o que for, mudou, tudo que nos rodeia mudou."


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Perda ou perca?

"O motor teve uma perca de força."

Assim ficaria melhor:

"O motor teve uma perda de força."

Perca é uma forma do verbo perder:

"Que ele perca o juízo." 

Perda é substantivo e geralmente vem acompanhado de artigo ou de preposição ou de adjetivo: 

"A perda do horário foi culpa sua."

"A (artigo) perda do (= de preposição+ o) horário foi culpa sua."

"O veículo teve perda total (adjetivo)."

Tá valendo?

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Risco de vida ou risco de morte?

Uma coisa básica:

A língua não é estática e sua evolução é incessante.

Palavras e expressões bem frequentes nos nossos dias amanhã podem desaparecer na poeira.

Sempre que duas formas estão em conflito, uma acaba vencendo a batalha e caindo no consenso.

Digo isto para explicar o que atualmente acontece com as formas "RISCO DE VIDA" e "RISCO DE MORTE".

Digo a você que "risco de vida" é a forma consagrada que nos acompanha há muitos e muitos anos.

Ela significa pôr a vida em risco.

Risco de (perder a) vida. (veja a elipse) 

Porém, "risco de morte" chegou com direito a tapete vermelho e muito frissom por parte da mídia. É a nova queridinha das redações. Modismo.

Cacofonia

Conheço alguém que morreu de latinha. 

Ele foi tomar banho de mar e pensava que lá não tinha tubarão, mas lá tinha.


Na hora de escrever, cuidado com a CACOFONIA.

Cacofonia é o nome que se dá aos sons desagradáveis ao ouvido por formarem palavras com sentido pejorativo, obsceno ou engraçado a partir da combinação de palavras.

Ex.:

Não posso viver sem amá-la. (mala)

Não há mulher como ela. (moela)

Quadrilha explode banco e usa escudo humano. (ex-cu do humano)

Fui à casa do meu avô que dá os fundos para o bar.

Vou-me já. (mijar)


A empresa é dirigida pela dona Maria. (peladona)


Governo confisca gado de fazendas. (cagado)


Olha essa fada. (é safada)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Parafraseando Manuel Bandeira

Mandela no céu 

Vera Lúcia 

Mandela preto, Mandela bom, 

Mandela sempre de bom humor. 
Imagino Mandela entrando no céu: 
-- Licença, meu branco! 
E São Pedro bonachão: 
-- Entra, Madiba, você não precisa pedir licença... 

O mesmo/a mesma

Quer escrever com clareza e elegância?

Não use MESMO como fórmula mágica de suas redações. Você não pode melhorar a redação substituindo o pronome por MESMO. Só há uma saída para a mesma, digo, ela: xô!


a) “O réu foi até à vítima e falou com a mesma” (errado);

b) Consultou tais autores, e os mesmos lhe indicaram a adequada solução” (errado).


Assim fica melhor:


a) “O réu foi até à vítima e falou com ela”;


b) Consultou tais autores, e estes lhe indicaram a adequada solução”.


Convém mencionar que a MESMA é a queridinha da linguagem forense e do jargão cartorário. Coisa do burocratês.

domingo, 8 de dezembro de 2013

O diagnóstico e a terapêutica - Eduardo Galeano

(Das palavras de um profeta sobre como me sinto)


O amor é uma das doenças mais bravas e contagiosas. Qualquer um reconhece os doentes dessa doença. Fundas olheiras delatam que jamais dormimos, despertos noite após noite pelos abraços, ou pela ausência de abraços, e padecemos febres devastadoras e sentimos uma irresistível necessidade de dizer estupidezes. O amor pode ser provocado deixando cair um punhadinho de pó de me ame, como por descuido, no café ou na sopa ou na bebida. Pode ser provocado, mas não pode impedir. Não o impede nem a água benta, nem o pó de hóstia; tampouco o dente de alho, que neste caso não serve para nada. O amor é surdo frente ao Verbo divino e ao esconjuro das bruxas. Não há decreto do governo que possa com ele, nem poção capaz de evitá-lo, embora as vivandeiras apregoem, nos mercados, infalíveis beberagens com garantias e tudo.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Amizade pessoal

Lucas é meu amigo pessoal.

Claro, a amizada só pode ser de natureza pessoal.

Melhor assim:

Lucas é meu amigo.

Regência do verbo visar

João visa ao emprego.

Ana visa à viagem.

Lúcia visou o cheque.

Você viu?

O verbo VISAR tem duas regências. Ele pode ser transitivo direto ou indireto.

Visar (no sentido de desejar, aspirar, almejar) é transitivo indireto.

João visa ao (= a + o) emprego.

Ana visa à (= a + a) viagem.

Visar (no sentido de dar visto, assinar, rubricar ou mirar) é transitivo direto.

Lúcia visou o cheque.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Fato verídico

Uma notícia pode ser falsa ou mentirosa, mas fato é fato.

Fato é algo real.

Então não precisamos dizer:

Fato ocorrido

Fato concreto

Fato real

Fato verídico

Fato acontecido

Xô, Pleonasmo!

Citações de leis

No texto jurídico (petição, memorial, sentença), a primeira referência deve indicar o número da lei, seguido da data, sem abreviação do mês e ano: Lei nº 4.860, de 26 de novembro de 1965. Nas referências seguintes serão indicados apenas o número e o ano: Lei nº 4.860, de 1965; ou Lei nº 4.860/65.

Os artigos de lei são citados pela forma abreviada “art.”, seguido de algarismo arábico e do símbolo do numeral ordinal (º) até o de número 9, inclusive; a partir do 10, usa-se só o algarismo arábico. Assim: art. 1º, art. 2º, art. 3º .... art. 9º; art. 10, art. 11, art. 20, art. 306, art. 909 etc.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Há anos/anos atrás

"No momento final do julgamento do mensalão, há anos atrás, escrevi em meu Blog que não concordava com a decisão. Não por não ver culpa e traição nos atores da história, em especial os petistas, mas por perceber o quanto a ardilosa elite brasileira se lambuzaria no banquete de hipocrisia que alimentaria a dinâmica política a partir dali."

Pode parecer repetitivo, mas é importante assinalar o deslize. O verbo HAVER na indicação de tempo possui o mesmo valor de ATRÁS. Então não é preciso dizer HÁ ANOS ATRÁS. Use uma coisa ou outra (há anos ou anos atrás). Fuja do pleonasmo.

Assim:

"No momento final do julgamento do mensalão, há anos, escrevi em meu Blog que não concordava com a decisão. Não por não ver culpa e traição nos atores da história, em especial os petistas, mas por perceber o quanto a ardilosa elite brasileira se lambusaria no banquete de hipocrisia que alimentaria a dinâmica política a partir dali."

Ou:

"No momento final do julgamento do mensalão, anos atrás, escrevi em meu Blog que não concordava com a decisão. Não por não ver culpa e traição nos atores da história, em especial os petistas, mas por perceber o quanto a ardilosa elite brasileira se lambusaria no banquete de hipocrisia que alimentaria a dinâmica política a partir dali."